O Daltonismo, também conhecido como Discromatopsia, é uma condição hereditária que afeta principalmente os homens. Se você é daltônico, provavelmente tem dificuldades em distinguir certas cores, como azul e amarelo, ou vermelho e verde.

 

De acordo com o site Colblindor, especialista no assunto, aproximadamente 1 a cada 12 homens carrega essa deficiência visual. No entanto, não podemos excluir as mulheres. Apesar de raro, o Daltonismo também pode afetá-las.

 

Isso acontece porque a Discromatopsia é uma condição recessiva ligada ao cromossomo x.

 

Entendendo um pouco sobre o Daltonismo 

 

Que tal retornarmos um pouco às aulas de biologia? Uma pessoa do sexo masculino carrega dois cromossomos diferentes: X e Y. Já o feminino, dois cromossomos iguais: XX. Ambos são herdados dos pais. Logo, a mãe SEMPRE fornecerá cromossomos X aos filhos, enquanto o pai pode passar qualquer um dos dois. 

 

Por ser uma condição recessiva, o Daltonismo se manifesta somente em pacientes que possuem alterações em TODOS os cromossomos X. Neste caso, a mulher que adquire essa deficiência visual precisa herdar os cromossomos alterados da mãe, e do pai. Seguindo essa lógica, no caso do homem, ele só precisa adquirir o X alterado da mãe e pronto: Daltonismo instalado.  

 

Como nós enxergamos as cores?

 

Pense no seu olho como uma câmera. Os raios luminosos passam pela córnea, pela abertura da pupila e pelo cristalino, lente natural do olho. Eles são focados em um ponto central da retina, a fóvea. Ela, por sua vez, é composta pelos fotorreceptores, células nervosas que contêm pigmentos que reagem à luz. São eles:

 

  • Cones: responsáveis pelo reconhecimento das cores e pela visão de detalhes. São divididos em três tipos que respondem a diferentes comprimentos de ondas de luz:  cianopigmento, sensível ao azul, cloropigmento, sensível ao verde e eritopigmento, sensível ao vermelho. 

 

Eles enviam todo e qualquer sinal de luz percebido para o cérebro que, por sua vez, processa essas informações e, com isso, consegue diferenciar uma cor da outra.  

 

  • Bastonetes: responsáveis pela visão noturna, eles só têm um tipo de pigmento e, por isso, reagem da mesma forma a qualquer comprimento de onda da luz. 

 

Então, o que é o Daltonismo?

 

Uma pessoa típica possui todos os cones em pleno funcionamento. Ou seja: eles possuem os pigmentos necessários para enxergar todas as cores possíveis. 

 

No caso do Daltônico, alguns desses pigmentos não funcionam como deveriam. É por isso que, em tese, existem três tipos de Discromatopsia

 

Protanopia

 

É o tipo mais comum. Nele, cones do tipo eritopigmento,sensíveis ao vermelhos, não detectam essa cor o suficiente. Além disso, são muito sensíveis a verdes, amarelos e laranjas. 

 

Como resultado, cores como verde, amarelo, laranja, vermelho e marrom podem parecer semelhantes, especialmente em locais iluminados. Tons de vermelho e preto, por sua vez, podem ser difíceis de se distinguir.

 

Por fim, uma pessoa com Protanopia pode nunca ter visto cores como o roxo ou o rosa. Afinal, o componente vermelho nelas é tão suprimido que o paciente só identifica os tons azuis presentes no roxo, ou o componente branco no rosa. Logo, ele não consegue diferenciar o azul do roxo, ou o rosa do cinza, por exemplo.  

 

Como ele vê x Como é:

 






Deuteranopia

 

Pessoas com Deuteranomalia, também conhecida como daltonismo vermelho-verde, não detectam a cor verde o suficiente e são bastante sensíveis a amarelos, laranjas e vermelhos. 

 

Por isso, tons em verde, amarelo, laranja, vermelho e marrom parecem semelhantes ao daltônico, especialmente com pouca luz. Também pode ser difícil a distinção entre azul e roxo, ou rosa e cinza. 

 

Como ele vê x Como é:

 

 

Tritanopia

 

É o tipo mais raro de Discromatopsia. Ele causa uma redução da sensibilidade do cianopigmento. Em outras palavras, ele diminui a detecção da cor azul. 

 

Essa condição pode ser herdada, ou adquirida mais tarde na vida, devido a fatores relacionados à idade (catarata, glaucoma, degeneração macular etc) ou ambientais. 

 

Pode causar confusão entre azul e verde, e vermelho e roxo. Não é capaz de identificar a cor laranja.  

 

Como ele vê x Como é:

 

 

Acromatopsia: a completa ausência de cores

 

Extremamente rara, essa condição acontece quando a pessoa não tem nenhum pigmento em seus cones. Ou seja? Ela não enxerga as cores. 

 

Como ele vê x Como é:

 





Demais fatores que podem causar o Daltonismo

 

Como já explicamos, a Discromatopsia é normalmente herdada. No entanto, ela pode ter outras causas mais raras. São elas:  

 

  • danos físicos ou químicos ao olho;

  • danos ao nervo óptico;

  • danos em partes do cérebro que processam as cores;

  • catarata

  • idade.

 

Diagnóstico

 

  • Teste de Ishihara: é um dos testes mais famosos do mundo para a triagem do Daltonismo. Desenvolvido em 1917, no Japão, pelo oftalmologista Shinobu Ishihara, o método possui um conjunto de placas (38, no total) com pontos coloridos em diferentes intensidades. 

 

No centro destas, há um número formado por cores que uma pessoa com  daltonismo geralmente não enxerga. Para isso, é claro que as cores, assim como as placas, variam em tonalidades e intensidades. Dessa forma, o grau e tipo de Discromatopsia da pessoa pode ser detectado. Para fazê-lo, basta clicar aqui.   

 

  • Teste de tonalidade Farnsworth-Munsell 100:  utilizado para determinar o tipo e a profundidade da deficiência de cores. O teste é composto por quatro bandejas contendo pequenos discos coloridos. 

 

Cada uma delas tem um disco de referência em uma extremidade e o paciente deve ordenar os outros da mesma cor criando um gradiente de tonalidades progressivo. Os discos são numerados para que a ordem possa ser comparada ao padrão. 

 

Existe uma versão reduzida do teste de Farnsworth-Munsell com apenas 15 discos, mas ela é usada apenas como triagem, como o teste de Ishihara.



O daltonismo tem cura? 

 

A resposta é não. Contudo, algumas estratégias podem ajudar os pacientes a conviverem com a deficiência:

 

  • diagnóstico precoce: identificar a Discromatopsia CEDO pode evitar problemas de aprendizagem durante os anos escolares. Isso é importante porque, convenhamos, muitos materiais didáticos dependem da percepção de cores. Sendo assim, um paciente devidamente orientado saberá exatamente quais tons consegue, ou não, enxergar, podendo pedir ajuda ou até mesmo desenvolver táticas para resolver as questões por conta própria.

  • lentes para daltonismo: algumas pessoas usam lentes especiais com filtros para melhorar a percepção de cores. Um exemplo são os óculos desenvolvidos pela empresa Enchroma. Neles, as lentes coloridas possuem filtragem de luz para dar às pessoas com formas comuns de daltonismo a capacidade de perceber uma maior variedade de cores.

  • organização: é possível, também, aprender maneiras de contornar a incapacidade de enxergar certas cores. Um bom exemplo é rotular as roupas, com a ajuda de amigos e familiares, de uma forma que evite conflitos de tonalidades. 

 

Além disso, aprender a reconhecer determinados itens coloridos por ordem, e não cor. Por exemplo, entender que a luz vermelha fica no topo do sinal, enquanto a verde fica embaixo. 


Por fim, existe uma variedade de aplicativos para download, disponíveis para Android e Apple, que ajudam na detecção de cores. Os mais populares são o Chromatic Vision Simulator, disponível para Android e iOS, o Color Binoculars, dedicado a usuários da Microsoft e o Ajudante Daltônico, desenvolvido para Android.