O olho seco é uma das doenças oculares mais comuns no mundo e tem múltiplas causas. Provoca embaçamento da visão, desconforto nos olhos e, algumas vezes, sensação de corpo estranho ou mesmo dor. 

Vamos entender um pouco sobre as causas, diagnóstico e tratamento do olho seco?

 

Causas do olho seco

O olho seco é conseqüência de uma deficiência na produção da lágrima ou de um excesso de evaporação.

A lágrima ou filme lacrimal se estende sobre a superfície anterior dos olhos e tem as funções de lubrificar, nutrir e proteger as estruturas. A cada piscada, a lágrima é renovada e se espalha por toda a porção anterior do olho.

Várias glândulas e estruturas participam da formação da lágrima. Se algum dos componentes não é produzido corretamente, as alterações resultantes na quantidade ou qualidade do filme lacrimal resultam em olho seco.

Em sua camada mais superficial, a lágrima tem um componente gorduroso que controla a sua evaporação. Esses lipídeos são produzidos por glândulas localizadas nas pálpebras, chamadas glândulas de Meibomius. Se o componente gorduroso da lágrima estiver deficiente, ela irá se evaporar mais rapidamente, levando ao olho seco evaporativo.

 

Fatores de risco para olho seco

Alguns fatores de risco para olho seco são:

- sexo feminino;

- idade acima de 45 anos;

- terapia de reposição hormonal;

- rosácea;

- dieta pobre em ômega 3;

- cirurgia refrativa;

- deficiência de vitamina A;

- diabetes mellitus

- doenças do tecido conjuntivo (artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, escleroderma, síndrome de Sjögren, Stevens-Johnson, penfigóide superficial);

- tabagismo;

- radioterapia e quimioterapia;

- transplante de medula óssea;

- hepatite C;

- alguns medicamentos como anti-histamínicos, antidepressivos, ansiolíticos, isotretinoína, beta bloqueadores e diuréticos.

 

Além disso, pessoas que trabalham ou usam computador e dispositivos eletrônicos por longos períodos de tempo apresentam sintomas de olho seco, dentro da Síndrome do Uso do Computador (Ocular Vision Syndrome).

 

Diagnóstico do olho seco

 

O olho seco pode ser diagnosticado com base nos sintomas apresentados pelo paciente, porém eles podem não refletir a gravidade do quadro. Alguns pacientes apresentam poucos sintomas e têm olho seco grave enquanto outros apresentam muitas queixas e a doença está em estágio inicial.

Os principais sintomas de olho seco são:

- olho vermelho

- irritação ocular

- sensação de cisco nos olhos

- prurido

- fotofobia (aversão à luz)

- visão embaçada

- intolerância às lentes de contato

- secreção mucosa

- piscar excessivo.

 

Exames complementares

Uma série de exames podem ser utilizados para confirmar o diagnóstico de olho seco e quantificar a gravidade da doença:

 

  • Corantes : a avaliação da qualidade da lágrima é feita através do uso de corantes como a fluoresceína, rosa bengala e lissamina verde. Eles revelam áreas de lesão na córnea e na conjuntiva como erosões, ceratite ou úlcera de córnea.

 

  • Break up time (BUT): avalia a qualidade da lágrima utilizando a fluoresceína e o filtro azul da lâmpada de fenda. Durante o exame, observa-se o tempo que a lágrima leva para se romper entre um piscar e o outro. Quando o exame aponta uma evaporação precoce da lágrima, ou seja, antes de 5 segundos, há evidências que o paciente sofra de olho seco.

 

  • Teste de Schirmer: utiliza tiras de papel filtro para avaliar a produção lacrimal. Ao final dos cinco minutos do exame, a medida da área úmida do papel corresponde à quantidade de lágrimas produzidas. Esse exame é indicado especialmente para pacientes portadores de doenças reumatológicas e com suspeita de olho seco.

 

  • Teste de osmolaridade do filme lacrimal: exame que analisa a composição e a osmolaridade da lágrima. 

 

  • Keratograph 5M: aparelho que, entre outras coisas, consegue avaliar a superfície ocular, a estabilidade da lágrima, sua quantidade e composição. Além disso, analisa as glândulas de meibonius nas pálpebras superior e inferior.



Tratamento do olho seco

 

Tratamento clínico

A principal arma no tratamento do olho seco são os colírios lubrificantes. Embora eles não consigam curar a doença, seu uso melhora o conforto do paciente e sua qualidade de vida. O ideal é optar por colírios sem conservantes, para evitar potenciais efeitos tóxicos na superfície ocular.

Se houver inflamação, colírios de corticosteróides ou imunossupressores podem ser utilizados.

Nos pacientes portadores de rosácea e/ou meibomite (inflamação das glândulas de meibomius) pode ser necessário o uso de antibióticos orais.

A suplementação com ômega 3 em suas formas ativas (DHA e EPA) está indicada em todos os pacientes e é feita através do óleo de peixe.

 

Tratamento cirúrgico

Em alguns pacientes pode ser indicada a oclusão dos pontos lacrimais de drenagem. Dessa forma, a lágrima é mantida por mais tempo dentro dos olhos.

Em casos mais graves pode ser feita a tarsorrafia, que diminui o tamanho da fenda palpebral e reduz a superfície de evaporação da lágrima.

 

Luz pulsada (IPL – Intense Pulsed Light)

A luz pulsada tem sido usada no tratamento de diversas doenças de pele, como a rosácea. Nos últimos anos, o mesmo procedimento tem conseguido a melhora dos sintomas do olho seco evaporativo nos pacientes portadores de disfunção da glândula de Meibomius.



Apesar de ser uma doença frequente, o olho seco muitas vezes não é diagnosticado. A irritação ocular constante pode prejudicar a visão e a qualidade de vida do paciente. Se você observa algum desses sintomas e acha que pode ter olho seco, agende uma avaliação com um especialista nessa área da oftalmologia.